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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Inverting the Pyramid
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-85-69214-07-6
Editora: Grande Área
O futebol surgiu como um esporte violento, físico, caótico e sem regras. Funcionava como uma espécie de rúgbi sem as mãos. O espaço para a estratégia e os passes curtos no lugar da agressividade desordenada surgiu no século 19, graças ao time escocês Queen's Park.
Com apenas dois defensores, a pirâmide “2-3-5” foi um dos primeiros esquemas a se popularizar, usada pela seleção inglesa em 1884. Os passes curtos dos times escoceses rivalizaram com o estilo rápido e direto dos ingleses.
O poderoso Império Britânico não espalhou apenas relações comerciais para os países, mas exportou o próprio futebol. Com o esporte se internacionalizando, o inovador técnico de ascendência irlandesa Jimmy Hogan levou o estilo escocês com uma variação do “2-3-5” para clubes de toda a Europa.
Os conceitos de Hogan foram adaptados por Hugo Meisl e deram origem à bem-sucedida seleção austríaca dos anos de 1930, apelidada de “Wunderteam”. Uma variação argentina do estilo também surgiu, com os clubes do país impressionando os britânicos por seu artístico “2-3-5”.
As mudanças nas leis britânicas de impedimento fizeram com que os times se tornassem mais vulneráveis. Dois defensores deixaram de ser o suficiente e o inglês Herbert Chapman criou o terceiro zagueiro com a formação “W-M”. Em seu Arsenal, o meia central do “2-3-5” virou o terceiro zagueiro.
Já os atacantes das pontas e o central recuavam, criando um “3-2-2-3” na forma do inovador “W-M”. O sistema tático fez sucesso no final dos anos de 1920 e passou a ser amplamente usado na Inglaterra para substituir a tradicional pirâmide.
Os cafés vienenses, em que os intelectuais se encontravam, eram o típico campo de debate futebolístico. O sucesso do elegante “2-3-5” do Wunderteam e seu atacante atleta-artista Sindelar fez os cafés entrarem em êxtase.
Mas o Wunderteam entrou em declínio e foi superado pela seleção da Itália fascista, com sua obsessão militar pelo condicionamento físico e seu meio termo entre o “W-M” dos ingleses e o “2-3-5” danubiano dos austríacos. A morte definitiva do espírito dos cafés aconteceu com a anexação da Áustria pela Alemanha hitlerista, decretando o fim do projeto de Meisl.
O futebol que foi exportado por marinheiros britânicos nas docas de Odessa demorou para ser assimilado pela cultura Russa. O britânico Harry Charnock fundou o Dynamo Moscow no final do século 19 para afastar seus funcionários do vício em vodca.
Ao perceber que o “2-3-5” estava defasado em relação ao moderno “W-M” dos bascos, Boris Arkadiev assumiu o time em 1936 e promoveu uma “Perestroika tática”. Uma nova e bem-sucedida versão soviética do “W-M” passou a ser explorada pelo técnico, com o estilo de passes curtos “passovotchka”, movimentações indefinidas no ataque e “desordem organizada”.
A falta de atacantes físicos fez com que Martón Bukovi recuasse um centroavante com outro perfil e criasse o “M-M”. O modelo se popularizou e Béla Guttmann espalhou a cultura futebolística do país pela Europa central, sendo o último técnico dos cafés vienenses.
Mas sua origem judaica o fez temer o antissemitismo no continente e o treinador se juntou a Dori Kürschner entre os que vieram para o Brasil para fugir da intolerância europeia. Guttmann levou o São Paulo ao título paulista de 1957 e ajudou a desenvolver o “4-2-4” no país.
Embora tivesse uma cultura que priorizasse o improviso à estratégia, o Brasil em que Béla Guttmann desembarcou já tinha ideias táticas consolidadas. Um princípio de organização tática começou a ganhar corpo quando o misterioso estrangeiro Dori Kürschner popularizou o “W-M”. O húngaro treinou times como Flamengo e Botafogo nos anos de 1930.
Seu sucessor, Flávio Costa, criou uma variação na seleção brasileira e foi bem-sucedido na maior parte do tempo, mas sofreu com a traumática derrota para o Uruguai que ficou conhecida como “maracanaço”. Ainda assim, a herança húngara, somada ao talento de Pelé e Garrincha, foi honrada com o título da copa de 1958 por Vicente Feola, ex-auxiliar de Béla Guttmann.
A evolução do futebol fez com que o antigo “W-M” não fosse mais a solução para os times ingleses. Apesar do uso de algumas ideias danubianas, a Inglaterra continuou a ter voos de galinha táticos e a depender predominantemente do físico.
Com a ajuda do oficial da força aérea britânica Charles Reep, Stan Cullis trouxe a precisão estatística e o pragmatismo para o jogo. Os ataques com poucos passes também foram assimilados por Alf Ramsey, mas com o acréscimo de um inovador “4-3-3” que levou a Inglaterra ao título da Copa do Mundo de 1966.
O futebol soviético seguiu se desenvolvendo a partir do criativo Dynamo de Viktor Maslov, o inventor do “4-4-2”. O técnico adaptou a inovadora marcação por zona criada por Zezé Moreira e usada pelo Brasil na copa de 1954.
Mas o grande legado de Maslov é a invenção da pressão. Para o nosso autor, os jogadores de hoje são tão talentosos quanto os de antigamente, mas com menos espaço graças à pressão.
Contrariando o “W-M” dominante da época, o italiano Gipo Viani decidiu investir nos atributos defensivos. Seu Salernitana se concentrava em povoar a defesa e esperar as jogadas dos times adversários para contra-atacar. O “catenaccio” defensivo virou tendência entre os pequenos times italianos.
Mas o controverso franco-argentino Helenio Herrera foi o expoente máximo do catenaccio nos anos de 1960, ainda que seus métodos fossem criticados pela violência, pelas acusações de manipulação de resultados e pelo possível doping com anfetaminas.
Assim como Kürschner e Guttmann no Brasil, o misterioso judeu húngaro Emerich Hirschl explorou a Argentina trazendo novidades táticas. O legado foi continuado pelo vitorioso River Plate de Renato Cesarini, um ex-jogador de Hirschl. Esse sucesso tático se aliou a uma geração de talentosos e irreverentes jovens jogadores, apelidados de “anjos das caras sujas”.
Mas a violência foi incorporada à cultura argentina e técnicos bem-sucedidos como Victorio Spinetto e Osvaldo Zubeldía gerenciavam times extremamente físicos, brutais e provocadores. Os métodos passaram a ser reprovados por efeito das brigas generalizadas e fraturas que prejudicaram a imagem da Argentina no exterior.
Já passamos da metade deste microbook e chegamos a uma evolução brusca no futebol. A revolução cultural holandesa, o espírito pós-Segunda Guerra Mundial e a rebelião jovem da vanguardista Amsterdã criaram o cenário propício para mudanças. O futebol foi beneficiado pela alma intelectual do país e o resultado foi o chocante e revolucionário Ajax de Rinus Michels.
Liderado pelo talentoso, crítico e iconoclasta Johan Cruyff, o time tinha as inéditas trocas rápidas de posições, acompanhadas de atacantes que marcam e defensores que jogam adiantados. O “futebol total” de Michels o fez treinar o Barcelona ao sair do Ajax e a lendária seleção holandesa dos anos de 1970.
O amor pela ciência soviética de Valeriy Lobanovski o direcionou para uma abordagem sistemática do futebol. A inspiração do influente Viktor Maslov serviu para criar um eficiente sistema de pressão e contra-ataque, uma versão oriental do que era praticado no futebol total de Rinus Michels.
A precisão estatística também era minuciosa, superando a de Charles Reep. Aqui, a análise por computadores e os métodos científicos de treino ganharam protagonismo.
A Copa do Mundo de 1970 com a seleção brasileira de Pelé e Rivellino criou um paradigma insuperável. A equipe que “chegou à Lua” do futebol era conhecida por seu futebol-arte irreverente, improvisador, talentoso e sem preocupação tática, mas foi a última do tipo. Parte do seu sucesso é explicado pela intensa preparação física, consequência da cultura tecnocrática do regime militar.
O investimento custou caro, com o opositor da ditadura João Saldanha sendo trocado por um ideologicamente seguro Zagallo no comando da seleção brasileira. Em uma luta pela alma do futebol, o talento dos brasileiros venceu a tática dos italianos, mas foi o fim de uma era. A talentosa e improvisadora seleção de Telê Santana em 1982 não conseguiu repetir o feito e foi vencida pela disciplinada Itália.
As ideias de Bob Paisley e um eficiente estilo de posse e passes à moda europeia contornaram o conservadorismo inglês e renderam ao Liverpool quatro títulos de Copas da Europa entre 1977 e 1984. Mas inspirado por Viktor Maslov, o jovem e não-conformista Graham Taylor foi na contramão do continente e trouxe para a Inglaterra a pressão.
Seu Watford assumiu um estilo de bolas longas. Mas a versão mais radical do pragmatismo apareceu no Wimbledon de Dave Bassett. A estratégia tinha uma péssima estética e era pouco empolgante, mas se mostrou uma forma eficiente de levar clubes pequenos para a primeira divisão.
A derrota da seleção brasileira em 1982 foi a vitória da tática sobre o talento. Mas o defensivo “gioco all’italiana” também caiu em desuso e precisou evoluir para um moderno “3-5-2”. O esquema foi bem-sucedido com Carlos Bilardo em 1986, em sua Argentina liderada por Diego Maradona.
Um criativo “3-5-2” com inspiração no futebol total de Rinus Michels também foi aplicado por Sepp Piontek na Dinamarca. Assim, o futebol prático começou a ocupar o lugar do idealismo.
Com a queda do “gioco all'italiana”, Arrigo Sacchi fez uma releitura das defesas italianas com um sistema integrado de pressão. O treinador discordava do padrão defensivo italiano e era mais idealista, acreditando que os times também precisavam ser encantadores e convincentes.
Sacchi afirmava que técnicos não tinham a necessidade de serem ex-jogadores e justificava dizendo que um jóquei não precisava ter sido um cavalo. Seu bem-sucedido Milan o credenciou para treinar a Itália.
Para continuar o legado de Rinus Michels, o Ajax apostou no, agora técnico, Johan Cruyff e em Louis Van Gaal nos anos de 1980. O mesmo aconteceu com o Barcelona, que quis retornar ao futebol de Michels com Cruyff e conquistou a Liga dos Campeões da Europa em 1992.
Na América do Sul, o futebol total foi introduzido pelo argentino Marcelo Bielsa em seu criativo Newell’s Old Boys, vencido apenas pelo São Paulo de Telê Santana na final da Libertadores de 1992. Mas a versão platense das ideias de Rinus Michels deixou seu legado no vitorioso bielsista Jorge Sampaoli.
A partir da invenção da pressão, o futebol mais mecanizado ocupou lugar de um artístico, nostálgico e idealista baseado no talento. Nessa mudança, Riquelme apareceu como a volta do camisa 10 clássico, chamado na Argentina de “enganche”. Era a personificação de uma ideologia, uma representação da poesia na era mecânica e sempre gerou opiniões mistas.
Seu sucesso foi diferente do de Modric, o meia que representou o perfeito “regista” do futebol moderno. Se o futebol não tem mais espaço para o romantismo, a necessidade de polivalência e de universalidade criou um perfil de atleta multifuncional de excelência.
O Barcelona tentou repetir o estilo de Rinus Michels algumas vezes, com nomes como Cruyff, Van Gaal e Rijkaard. Mas quem teve os resultados mais impressionantes foi Pep Guardiola, ao transformar o antigo futebol total no espantoso e bem-sucedido jogo de posições.
O treinador catalão adaptou o talentoso Lionel Messi como falso nove, criou um sistema que prioriza a posse e inverteu a orientação dos pontas. O sucesso estratosférico de Guardiola só foi freado por uma variação física e aperfeiçoada de seu próprio jogo de posições, executada pelo Bayern de Jupp Heynckes na Liga dos Campeões em 2013.
Ao mostrar como os técnicos de hoje trabalham sobre o legado dos do passado, Jonathan Wilson ajuda a entender o futebol sob uma perspectiva mais profunda. Desde o simples sistema de passes do Queen’s Park até o moderno jogo de posições do Barcelona, o esporte evoluiu e se reinventou.
Alguns técnicos reinventam a forma com a qual o futebol acontece no Brasil. É o caso de Jorge Jesus, com um Flamengo que acumulou mais títulos do que derrotas. Miriam Assor conta a história do treinador no livro “Jorge Jesus”, que você pode conferir no 12 minutos.
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Jonathan Wilson é escritor e jornalista britânico, sendo autor e colunista em publicações como The Guardian, Sports Illustrated,... (Leia mais)
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